A VOCAÇÃO DO HOMEM: A VIDA EM CRISTO
CAPÍTULO I - Artigo 5 a 7
A MORALIDADE DAS PAIXÕES
Aspectos teológicos
O homem é livre e no uso de sua liberdade pode aderir ou não a Jesus Cristo. Seus atos são orientados e ordenados pelas paixões que podem levá-lo tanto ao bem quanto ao mal.
O amor provoca o desejo de fazer o bem e conseqüentemente realizar coisas boas, no entanto ao perceber o mal pode provocar o ódio, a tristeza e a cólera. Para que o mal não prevaleça o amor deve ser bom e para o bem.
O coração do homem é orientado para o bem, mas suas paixões podem levá-lo à prática do mal, porém suas paixões devem ser regidas pela razão.
Em Jesus Cristo o homem vislumbra a presença do Espírito Santo em todas os momentos da vida, seja diante das dores, medos e tristezas. Ele é o amor presente na realidade humana realizando a bem-aventurança divina (cf. Mt 5).
Aspectos pastorais
O ser humano deve buscar a perfeição moral, não somente pelo desejo de obtê-la, mas por um desejo íntimo de relação com Deus e com o próximo.
As paixões devem ser direcionadas para o bem de maneira racional, pois assim o ser humano as torna virtudes, eliminando a possibilidade de se tornarem vícios.
Diante das fragilidades do homem, o Espírito Santo o impulsiona a agir em conformidade com a bem-aventurança divina. A caridade suscita no homem o desejo de guiar-se na presença do bem, conduzindo-o assim à plenitude em Jesus Cristo.
A CONSCIÊNCIA MORAL
Aspectos teológicos
“A consciência é uma lei de nosso espírito que ultrapassa nosso espírito, nos faz imposições, significa responsabilidade e dever, temor e esperança... É a mensageira daquele que, no mundo da natureza bem como no mundo da graça, nos fala através de um véu, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo”.[1]
Quando o homem ouve a voz de sua consciência, é ao próprio Deus que está ouvindo, pois nela estão guardados os mandamentos da lei de Deus que o direcionam ao julgamento de seus atos de maneira justa e correta. Mas, esta sintonia somente ocorre pela busca da interiorização de modo que o homem possa incorporar e assimilar aquilo que Deus fala no seu íntimo.
A formação da consciência moral se dá na infância, e na medida em que o homem adquire novos conhecimentos, é preciso fortalecê-la por meio da escuta e da leitura da Palavra de Deus que ilumina o seu caminho.
Para que as escolhas do homem sejam voltadas à perfeição é preciso oração e discernimento para a compreensão do que realmente é a vontade de Deus. Fundamentalmente o homem deve se pautar na máxima do evangelista Mateus: “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles”[2]
Aspectos Pastorais
A consciência moral é algo de íntimo e pessoal na qual o homem ouve a voz de Deus e busca direcionar os seus atos para o bem e na observância dos mandamentos. No entanto, pode o homem não ter o conhecimento dos mandamentos e mesmo assim compreender e agir para o bem, pois foi criado por Deus para o bem, possui valores que conserva em seu íntimo e que será determinante em suas escolhas.
A vida nos coloca sempre diante de escolhas, e nem sempre esta decisão é fácil, uma vez que há situações que envolvem a pessoa e o outro. É nessa hora que é exigido todo o aporte adquirido na “educação da consciência” será o grande desafio vital de expor a própria percepção dos “princípios da moralidade”: Momento esse de “emitir um julgamento correto de acordo com a razão e a lei divina”.
Não é uma mera e singular escolha entre o açúcar, o adoçante ou amargo na hora de tomar um cafezinho, mas uma decisão, onde é necessário sempre procurar o que é justo e bom e discernir a vontade de Deus expressa na lei divina. Tal decisão tem auxiliares basilares a virtude da prudência, aos conselhos de pessoas avisadas e ajuda do Espírito Santo e de seus dons.
VIRTUDES
Aspectos Teológicos
O homem tende ao bem naturalmente. Porém, quando habitua-se a uma vida virtuosa, que o assemelha a Deus, essa tendência aumenta levando-o a uma vida benfazeja e regozija-se ao praticar o bem com liberdade.
VIRTUDES CARDEAIS
As virtudes orientam a vida do homem e regulam suas atitudes à luz da fé e da razão.
Quatro virtudes têm um maior destaque e as demais giram em torno destas. Uma delas é a prudência que é responsável pela escolha correta visando sempre o verdadeiro bem, ou seja, ela é a norma que rege as nossas atitudes desvencilhando do mal.
Uma outra virtude é a justiça que leva o homem ao firme propósito de garantir o direito pertinente a Deus e ao próximo. É uma virtude moral predisposta a respeitar os direitos das pessoas sem distinção alguma, ao mesmo tempo em que estabelece a harmonia em prol do bem comum.
A fortaleza é a virtude que produz segurança diante de situações difíceis, fortifica e dá resistência para enfrentar as tentações, transpondo a barreira do medo, gerando confiança e a capacidade para suportar as tribulações.
Por fim, a temperança é a virtude que estabelece o equilíbrio perante os prazeres que o mundo oferece, levando o homem a tomar atitudes moderadas em relação a eles, viabilizando a distinção entre instinto e vontade e impedindo a predominância das paixões do coração.
Por causa do pecado o homem possui limitações que dificultam uma vida virtuosa. Somente com o auxílio de Deus, perseverando através da oração, e deixando-se ser guiado pelo Espírito Santo torna-se capaz de transpor os obstáculos que o impedem de praticar o bem.
VIRTUDES TEOLOGAIS
As virtudes teologais possibilitam o agir moral virtuoso, uma vez que Deus as dispõe no coração do homem para que ele possa entrar em comunhão com a natureza divina.
As virtudes teologais são a fé, a esperança e a caridade. Pela fé o homem acredita livremente na revelação divina e a tem como verdadeira, auxiliado pela Santa Igreja que a certifica.
A fé consiste no testemunho por meio de obras realizadas, modo pelo qual se alcança a salvação.
A esperança é o anseio pela certeza da felicidade de participar do Reino dos Céus, cuja caminhada começa na dimensão terrestre e culmina com a plenitude da vida eterna. É a feliz espera do cumprimento da promessa que Deus fez ao seu povo e que Jesus confirma com sua paixão, morte e ressurreição.
A esperança nos impulsiona à prática da caridade e ao amor, nos encoraja e fortalece diante das tribulações, não deixa esmorecer nosso anseio de vida eterna. Pela graça do Espírito Santo nos tornamos herdeiros dessa esperança que devemos alimentar constantemente através da oração.
A caridade capacita o homem ao amor a Deus e ao próximo. A caridade proporciona o amor livre, sem medidas que supera toda e qualquer limitação humana. Sendo a primeira das virtudes teologais, é através das obras por ela produzidas que o ser humano se aproxima de Deus sem reservas.
Jesus pregou e viveu a caridade, deixando-nos como mandamento, possibilitando-nos alcançar a salvação. Portanto, a ausência da caridade impede o ser humano de participar da alegria eterna.
Aspectos Pastorais
A vida do cristão é motivada e sustentada pelos sete dons do Espírito Santo: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Os frutos do Espírito são perfeições que o próprio Espírito Santo forma no homem. Segundo a Tradição da Igreja os frutos são: caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade.
São os frutos do Espírito Santo que irão direcionar as atitudes do homem de maneira virtuosa, ou seja, o seu agir orientado à luz da fé e da razão será em busca da justiça e do bem comum de modo enfático e decisivo.
A fé, a esperança e a caridade determinam o modo de agir do cristão. Suas obras realizadas serão sempre na esperança e na certeza da vida eterna em plenitude.
A caridade irá aproximar o homem do próprio homem e de Deus, pois o amor quebra barreiras impostas pelo próprio homem. O amor livre e verdadeiro faz acontecer a justiça, isto é, a realização do Reino de Deus.
PRÁTICA CRISTÃ
“Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!”
Apaga minhas transgressões, por tua compaixão!
Lava-me inteiro da minha iniqüidade
E purifica-me do meu pecado!”[3]
Precisamos nos recolher em nossa condição de pecadores, é fundamental para que nos convertamos dia após dia, uma vez que já nascemos com a mancha do pecado e ao passar do tempo as possibilidades de sermos induzidos ao erro aumentam, crescem os desafios e as ofertas encantadoras de uma falsa felicidade, não nos faltam promessas vantajosas. Para enfrentar tais desafios é preciso discernimento e reconhecimento da condição humana, para que o homem possa alcançar a experiência da misericórdia de Deus que nos mostra seu poder sobre o mal e o pecado.
Deve ser claro ao cristão que tenha um comportamento virtuoso, que seus atos sejam voltados para a justiça, de modo que todos que o vejam, admirem-no e queiram imita-lo. Esse modo de agir deve começar em casa, crescer na comunidade e resplandecer na sociedade.
MÍSTICA
“Bem-aventurados aqueles
cujas ofensas foram perdoadas
e cujos pecados foram cobertos,
Bem-aventurado o homem
A quem o Senhor não leva em conta o pecado.”[4]
Quão grande é a felicidade de se sentir perdoado, é como água fresca em dia de calor intenso, é afago de mãe e de pai quando se sente dor, é o conforto do lar depois de uma longa viagem, é a leveza e a doçura do sorriso de uma criança, e muito, muito mais.
Deixemo-nos entregar nos braços do Pai como criança, sem defesa e sem reservas, somente assim sentiremos o prazer e a alegria de ser filho acolhido com amor, mesmo diante de todas as nossas faltas, Ele nos abraça e acolhe com sua misericórdia infinita.
DINÂMICA: A JANELA
Material:
Revista, papel A4, tesoura, cola e lápis de cor.
Desenvolvimento:
01 – Cada pessoa pega uma folha branca e a risque dividindo-a em 04 (quatro) partes iguais (Janelas);
02 – Cada janela é uma área da vida humana: Família, trabalho, presente (realidade) e perspectiva (projeto-sonho);
03 – Oriente para que realize uma “arte” para cada “Quadrinho da Janela”, pode colar, desenhar, ilustrar, etc. (evite escrever, use a criatividade). A ordem dos quadrinhos é fica a critério da pessoa. Como se alguém quiser usar 04 (quatro) folhas ou 02 (duas) folhas (meia folha para cada janela), todos tem plena liberdade para se expressar, mas deixe que a pessoa manifeste esta vontade. Oriente para usar a folha dividida em 04 (quatro) partes por ser mais útil para trabalhar a vivência lúdica.
04 – Nos quadrinhos, ao critério pessoal, representar para si o que é, como é, etc., cada uma das solicitações sobre: família, trabalho, presente (realidade) e perspectiva (projeto-sonho). No verso da folha pronta seu nome.
05 - Após, passe ao grupo a janela construída, para que todos possam contemplar sua janela. Ponha-se em círculo e, pela direita e pela esquerda, circule a folha até voltar ao dono, dê uns 30 segundos para que cada pessoa veja a “janela”.
06 – Ao voltar ao dono solicite ao grupo que comente das janelas, uma que lhe chamou atenção – o autor não deve se manifestar – Após todos falarem, aqueles que quiserem podem se manifestar. Solicite a cada um o seu da vivência lúdica.
07 – Por fim, realce que a janela é um componente da casa pela qual se vê o mundo exterior e se é por ele visto o seu mundo interior.
08 – Para que não seja esquecida a janela, faça ou mande fazer uma moldura para sua janela e use como um “quadro”, ponha-o em lugar visível e sempre que o ver lembre-se destes quatro pilares que lhe mantém: A Família, o Trabalho, o Presente (realidade) e, A Perspectiva (projeto-sonho).
09 – Feedback[5]
10 – Insight[6]
11 – Conclusão
Frase Motivacional:
- Veja a ordem em que cada pessoa colocou suas janelas. A ordem diz da prioridade que cada um tem.
- Ao vermos o mundo pela janela, somos também vistos através dela. Este olhar ajuíza o ser no mundo e filtra o mundo que queremos ver ou construir.
Bibliografia
-Catecismo da Igreja Católica, São Paulo: Edições Loyola, 1999.
-A Bíblia de Jerusalém, 8ª edição, São Paulo: Paulus, 2000.
[1] Newman, Carta ao Duque Norfolk, 5 (cf. CIC 1778)
[2] Mt 7,12.
[3] Sl 51,3-4
[4] Rm 4,7-8; Sl 32,1b-2
[5] (inglês) retorno, o que se dá ou recebe em troco.
[6] (inglês) introspecção, observação interior, sentimentos, estalos e pensamentos despertados.